Agora vamos também ter um espaçozinho para postar contos e outros textos, fictícios ou não, achados na internet.
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:D
Como em todas as noites, segui meu caminho de volta pra casa, que passava em frente ao antigo cemitério da cidade, e que possuía o sugestivo nome de Cemitério da Encarnação.A noite estava mais escura que o de costume, e exatamente quando eu passava pelos altos e enferrujados portões do Campo-Santo, notei uma movimentação estranha em seu interior.
Por um momento me detive observando o que poderia estar acontecendo altas horas da noite.
Para meu total espanto, percebi a terra vermelha, que cobria os sombrios sepulcros, sendo remexida, e, atarantado, senti meu sangue regelar nas veias ao identificar duas azuladas e apodrecidas mãos, tatearem o chão a procura de saída.
Tentei me mover, buscando fugir daquela visão aterradora, mas estranhamente, não consegui mexer meus pés, que pareciam colados ao piso frio da calçada.
Por mais que forçasse as pernas, elas não se moviam. Levantei a cabeça, e notei, atônito, que o morto-vivo já estava em pé e seguia arrastando-se em minha direção.
Sua carne carcomida e suas vestes esfarrapadas e cheias de terra, davam-me a exata noção de que aquele abominável ser já havia partido deste mundo há tempos.
Indefeso, só pude assistir a chegada da assombração, e no momento em que o morto-vivo tocou minha mão, saí daquele transe infernal e corri desesperado, parando somente após trancar a porta de minha casa.
Depois de me recuperar do susto, levantei-me e me dirigi ao banheiro para tomar um banho quente.
Talvez, tudo aquilo fosse obra da minha mente cansada. Porém, foi quando me despi, que notei as marcas de duas mãos sujas de terra nas barras da minha calça jeans.
* Conto publicado na edição de Nº 12 da TERRORZINE, Minicontos de Terror, organizado por Ademir Pascale e Elenir Alves, em agosto/2009.
Lino França Jr.
Por mais que se fale em morto-vivo, não considero clichê.
Não assustador, a meu ver, porém a escrita deixa uma atmosfera interessante.
Fonte: Recanto das Letras